Sei que todas as minhas memórias estão bem guardadas, algumas num esquecimento fingido, numa mente em que poucos podem entrar.
Fechada para ti, fechada para um mundo ingrato e cruel, a minha mente vagueia por essas memórias que se me tornaram estranhas. Finjo que não as guardei, numa amnésia fictícia que me permite afastar a tristeza.
Pudera eu odiar-te por me teres feito guardar estas recordações amargas mas não consigo. Se eu dissesse que te amo, ainda acreditarias em mim? Não podes apagar o que foi o passado mas podes escrever um futuro com outras cores. Não podes fazer-me esquecer mas podes fazer-me querer esquecer. Ainda procuro nas memórias uma parte de ti, um cheiro teu, um beijo açucarado e fresco, um abraço apertado e caloroso, um sorriso brilhante e cativante… Ainda te amo para além de memórias intoleráveis e esquecimentos enganosos. Contudo, não te quero guardar como uma memória, preciso de amor palpável, doce como o mel, quente como o fogo… Preciso de mais. Um dia, talvez um dia…
*espelho retrovisor, ainda dizem que não existe invenção para ver o passado
Mais tarde irei explicar o surgimento destas palavras(...)