sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Partiu

Partiu-se uma caneca, partiu-se a caneca azul
que trouxemos de Estocolmo. Lembro-me
tão bem desse dia: esteve sol, andámos de bicicleta e,
ao voltarmos para o hotel, comprámos uma caneca.
Hoje, essa caneca partiu-se. Lembro-me tão bem do dia
em que a comprámos, só que agora vou esquecer-me
porque agora já não temos a caneca.

[in Gaveta de Papéis, Prémio Daniel Faria 2008, Edições Quasi, 2008]




segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Petite Amélie

“Voilà, ma petite Amélie, vous n’avez pas des os en verre. Vous pouvez vous cogner à la vie. Si vous laissez passer cette chance, alors avec le temps, c’est votre cœur qui va devenir aussi sec et cassant que mon squelette. Alors, allez y, nom d’un chien!”

Raymond Dufayel,
“Le fabuleux destin d’Amélie Poulain”


Traduzindo era mais ou menos assim,
“Então, pequena Amélie, os teus ossos não são feitos de vidro. Podes levar algumas pancadas da vida. Se deixares escapar esta oportunidade, eventualmente o teu coração vai ficar tão seco e quebradiço como o meu esqueleto. Então, vai apanhá-lo!”

É um filme que me fez parar e pensar, na vida e nos sentidos que ela tem, ele mostra as cores que não vemos, os sentimentos que escondemos e as verdades que não aceitamos.

Lembranças & Redordações

Hoje vamos começar pelo post scriptum.

P.S.: A curiosidade destas pulseiras é serem a antítese mais vendida do mundo, serem a Lembrança de Bonfim, leia-se, lembr(esper)ança de um bom fim.

E agora devagar. Tenho saudades porque tenho lembranças, lembranças estas que vão sufocando pouco a pouco. A barreira das boas e más é tão ténue, oxalá não se misturem, não tenho tempo para a reorganizar e voltar a limpar tudo de mau que já fiz.
Preciso de material novo,tenho várias salas, com várias estantes e "dossiers" coloridos para preencher, vazios de ti e vazios de outro alguém, para isso já tenho tempo, tempo e ajuda e se correr bem transformo uma sala de arquivo num quarto aconchegado, mas isso por agora são sonhos.
Aviso já que não vou gostar que me venham dizer que as lembranças são eternas, há lixo de baixo da cama que não me atrevo a puxar para a luz, há muito podre naquele local, pétalas de flor que te dei, que já foram lindas, dão lugar a velhos engelhados e castanhos restos de beleza, dizem que demora muito para a natureza fazer desaparecer por si, então preciso que me encham de novas lembranças e recordações.


Por isso venham lá lembranças, já agora, tenho preferência pelas boas.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Ideal do Degrau.


Expressar o que sinto não é, e nunca foi, fácil. Desde sempre aprendi a reprimir meus sentimentos, guardar para mim, talvez seja o motivo d'este blog. Há coisas que bloqueiam o meu "eu", uma vergonha ou timidez esquisita, gostava de ser tão social como alguns amigos meus, ou ser tão simpático, mas não o sou, sou um antro de pequenas rejeições, rejeições que rejeitam a mim próprio.
Quando digo que estou bem, digo-o de verdade, sou feliz e vivo com sorriso, mas isso não quer dizer que não tenha algo a picar-me momento a momento, mas é algo que deixo para mim, tenho um certo receio de confiar, por isso desconfio, não sou detective, portanto não sei se falo com cobras e lagartos mascarados de veludo.
Sei o que é sentir-me mal, sei o que é sentir-se deprimido, sou como tu, sigo pelos caminhos e posso tropeçar e cair nos mesmos buracos.


Sei que tenho um pouco de imprevisível, talvez porque estou descontente, sei que há melhor, conheço o melhor, enquanto não tiver, sou irrequieto, acho que é normal, ninguém se pode contentar a comer a toranja amarga quando há uma laranja doce.

Em resumo, não sinto raiva de alguém, afinal sou eu que erro, a única raiva que tenho e que tenho mesmo, é raiva pessoal, mas eu sei que pouco a pouco, os degraus vão chegar à porta, porque como todos sabem, eles começam de baixo.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Vem destino.

Podes vir destino, faz-me cair, faz-me encontrar um doce escondido, faz-me ter dores, faz-me ter dinheiro, faz-me partir um copo, és tu, eu não me importo, mostra que tenho muito de bom e mau para viver.


É por ti que hoje saiu bem num espelho, dá-me dias bons e dias maus.


Entrega-me simples e só a vida, mas por favor, se és destino, não me faças olhar para trás.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os caminhos.

Quando se começa um caminho tem-se esperança que acabe o mais rápido e melhor possível, apanhamos caminhos que ficam escuros, têm ramos no chão, caídos naturalmente ou postos lá até por quem não escolheu esse caminho, buracos e curvas, fará por em causa o caminho e seguir por atalho, atalhos esses, temos que os saber utilizar, a "felicidade rápida e momentânea nem sempre é a mais feliz".



Por isso quando estiveres indeciso, escolhe o caminho longo e com obstáculos, é de lá que vais trazer mais "pedras para o teu castelo".

Daizy *

Obrigado pelos momentos.
Pela adrenalina que me fazes sentir, pelo fresco quando está calor e o quente quando está frio, seres cama onde descanso, pelos problemas que me fazes ter, pelos sacrifícios que faço para te dar de beber, por não me falhares e não me atrasares, pela boa musica que me fazes ouvir, pelo tempo que gasto a cuidar da tua beleza, por seres meu esconderijo, pelos momentos espectaculares que me proporcionas-te vais proporcionar.


Obrigado Honda Concerto, Daizy.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ser humano BETA #1

O ser humano é como um bolo, precisa dos ingredientes bons e doces como os amargos, tal como, carinho e mal-trato. Gostamos de carinho e temos de ser mal-tratados.
Por que isso acontece? Pois quando uma pessoa se mostra sempre presente, a outra acredita que vai tê-la a qualquer hora, ou seja, comodismo.
O comodismo, de termos algo garantido, sempre lá, não é bom, cria dependência enganosa que a longo prazo só causa problemas, tal como o descanso do sofá, é bom mas não para sempre.





p.s.: O ser humano também é egoísta e inteligente.
Egoísta porque quando tem ele o prazer/carinho não se lembra que também o deve retribuir;
Inteligente porque consegue mudar isso quando quiser.

Chuva



Ontem, mais uma noite bucólica com períodos de chuva, vesti-me ás 23h e decidi ir dar uma volta, queria apanhar a chuva, é meio filmográfico mas a chuva traz-me nostalgia, carapuço na cabeça, não queria chapéu, muitos adereços numa altura de melancolia, telemóvel em programa rádio, quando ouvi em tom brasileiro numa rádio qualquer:

"De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa

Morna e ingénua

Que vai ficando no caminho"

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Do you dance Mr Darcy?

Fitzwilliam Darcy personagem masculino principal da obra Orgulho e Preconceito.
Um dos personagens masculinos mais conhecidos no mundo.
Tem um carácter à primeira vista muito rude e insocial.
Causa uma impressão ruim em estranhos, mas é muito valorizado pelos que o conhecem na intimidade.

Fechar.

Não consigo, o olá saiu do glossário e o botão X/Sair parece enorme.
Razões:
(silêncio)



p.s.: Se algum dia falar contigo lembra-me de pedir desculpa.

sábado, 6 de novembro de 2010

Um conto

“Não te preocupes… sou muito boa naquilo que faço”, disse Cátia numa voz dengosa mas segura, desapertando o fecho das calças devagar, firmemente, enquanto o olhar dele não descolava das últimas quatro linhas de coca intactas no cd de DAFT PUNK em cima da mesa da sala. Quando não tinha pachorra para aquecer um prato, Sérginho escolhia os cd's para dar riscos baseando-se numa série de critérios, a saber: cor escura, música boa e um título apropriado para a ocasião. “Discovery” tinha-lhe parecido ser a escolha ideal naquela madrugada. As ideias atropelavam-se no raciocínio acelerado: “podia dar só mais um cheiro, merda, apetece-me, mesmo, mesmo. Mas pode cortar-me a tusa, quando é demais a coca também pode dar para isso, também, e até que tou fixe, tou fixe, tou mesmo fixe, um bom broche é quase sempre o princípio de uma boa queca, sabe Deus há quanto tempo não dou uma de jeito, pelo menos de que me lembre, ela diz que é boa naquilo que
faz e quem sou eu para duvidar? Relaxa e aproveita, pensou.

Deu um golo que matou o que restava da Heineken que tinha numa mão, enquanto afagava os cabelos da Cátia com a outra.


Excerto de "O principio de uma boa queca" um tema do Algodão Não Engana, tem conteúdo explicito e pode ferir subjectividades (quem já leu e eu fui tarde, querquesselixe).





terça-feira, 2 de novembro de 2010

Billy Joel - Just the way you are




’’You always have my unspoken passion
Although I might not seem to care

Novelagem & Banda Sonora

Penso que todos já imaginamos, sermos personagens da série, a mais vista, a mais comentada.
Eu adorava, não pela fama e dinheiro, pela musica, pela arte, como seria o personagem, qual seria a minha banda sonora.
Como na nossa vida, somos nós os realizadores e protagonistas, já escolhi a minha personagem, um rapaz de 17 anos, irreverente, misterioso, com poucas cenas e poucas palavras no inicio, mais olhares, desconfiado e perspicaz. Quando entrava em cena tocava a Secret - Maroon 5, apartir dos 3 minutos, começando com:
I know,
I don't know you,
but I want you so bad,
everyone have a secret(...).

Tinha um estilo particular, passeava as suas botas, não usava guarda chuva, tinha olheiras, não tinha vícios, fumava o seu cigarro de lés a lés, ironia corria no seu sangue e por vezes em momentos mais tensos tocava a Irreal - SuperNada:
E tu crês que essa coisa não é vã,
uma página marcada para ler amanhã!
Também devoras o que é teu,
precisas do que é teu(...)
Sem chegar a ser nem que só por um momento tão irreal(...)

A imagem de um rapaz com um tanto de bonito, moreno, olho verde forte, despenteado e com frases em latim tatuadas em ambos antebraços, trabalhava ao fim de semana como árbitro e à semana descarregava materiais de armazém das 5 às 8 da manhã, tinha aulas e adorava conduzir.
Sempre que entrava no carro, um clássico oferecido por seu avô, tinha uma frase por cima do porta-luvas, -If you believed they put a man on the moon-, o carro tinha uma cotação especial nesta e n'outras personagens, era sinal de liberdade, quando se fechava todas as portas do carro começava a tocar o refrão da Run - Snow Patrol:
Light up, light up
As if you have a choice
Even if you cannot hear my voice
I'll be right beside you dear (...)

Não se conhecia a casa dele, nem família, havia só uma câmara no quarto dele no tecto, apontando para a cama, era lá que o personagem pensava no seu dia-a-dia a seus olhos, era um quarto escuro, todas as cenas em que o escuro dominava e a personagem participava, tocava a parte de Pacman no Fora de Combate - Manel Cruz:
Uma duas três "G"s
acendemos beatas
matamos baratas
e arrancamos o que resta do papel de parede
vamo-lo rasgando bocado a bocado
escrevemos frases chungas
com um calhau caiado
quatro cinco seis
cantamos a música dos chulos lá fora
e dançamos a nossa valsa tão desengonçada
embebedamo-nos de saliva até irmos ao tapete
já são oito nove dez
e estamos fora de combate.

Por fim, quando estivesse apaixonado podia-se ouvir bem alto:

I hope you don't mind, that I put down in words
How wonderful life is while you're in the world.











Pena é que o Elton John não vá receber nada de direitos de autor, a sua musica não passa.